O meu estranhismo


Quando eu era criança,minha mãe me levou ao médio,e ele nos comprovou o que nós já temíamos,eu não seria como as outas crianças,seria para sempre diferente e me distanciaria cada dia mais do perfil de uma pessoa comum e normal.
Passei toda a minha infância  trancado em meu quarto,nunca sentia vontade de sair de casa,sempre soube da minha sina perante o  mundo e a vida.
Tinha medo do sol,sempre o odiei,sempre preferi os dias de chuva com ventos fortes,daqueles que quebram os telhados das casas,cancão arvores,que caem raios e água imundando as casas,levando carros e lixo da cidade,dias sem sol,sem crianças na rua.
Um dia me disseram que os meus olhos desbotaram por falta de sol,e ficaram amarelados.Mas pra quê sol ?,se as estrelas coladas no breu da noite são bem melhores,se a ausência de luz me faz melhor,pra quê esse azul com uma lampada colada no meio,esse tal de dia.
O meu quarto era o meu lar,com pedras espalhadas por todo ele,ossos de animais,folhas secas e coladas nas paredes,sementes e galhos pendurados no teto,desenhos abstratos,livros espiritas.
Mas o que mais me feriu foi o sol,a luz do sol,a luz que acenderam dentro de mim, que me queimou por inteiro e que me deixou marcas até os dias de hoje.